O "eu" e os "problemas"...


"Como ficamos ansiosos para encontrar uma resposta para os nossos problemas!
Somos tão ávidos em achar uma resposta, que não o estudamos; isso impede nossa observação silenciosa do problema.

O problema é a coisa importante, e não a resposta. Se procurarmos por uma resposta, iremos achá-la; mas o problema persistirá, pois a resposta é irrelevante ao problema.

Nossa busca é por uma fuga do problema, e a solução é um remédio superficial e portanto, não há compreensão do problema.
Todos os nossos problemas surgem de uma fonte e sem compreender a fonte, qualquer tentativa de resolvê-los irá somente conduzir a mais confusão e miséria.

A pessoa precisa, primeiro, ter muito claro que sua intenção de compreender o problema é séria, que ela vê a necessidade de estar livre de todos os problemas; pois, só assim, o fazedor de problemas pode ser abordado.
Sem estar livre dos problemas, não pode haver tranqüilidade, e a tranqüilidade é essencial para a felicidade – que não é um fim em si mesma. Assim como uma lagoa fica quieta quando a brisa para, assim também a mente fica quieta com o cessar dos problemas. Mas a mente não pode ser parada; se for, está morta, é uma lagoa estagnada. Quando isso está claro, então o fazedor de problemas pode ser observado. A observação deve ser silenciosa e não de acordo com qualquer plano pré-determinado baseado no prazer ou na dor.

Mas você está pedindo o impossível! Nossa educação treina a mente a distinguir, a comparar, julgar e a escolher, e é muito difícil não condenar ou justificar o que é observado. Como alguém pode ficar livre desse condicionamento e observar silenciosamente?”

Se você vê que a observação silenciosa, a atenção passiva é essencial para a compreensão, então a verdade da sua percepção liberta você do background. É só quando você não vê a necessidade imediata da atenção passiva – e ainda assim alerta – que surge o “como”, a busca por um procedimento para dissolver o background.

É a verdade que liberta, não os meios que você usa, ou o sistema.
A verdade que a observação silenciosa sozinha traz compreensão precisa ser vista; só assim você está livre da condenação e da justificação. Quando você vê o perigo, você não pergunta como você vai se afastar dele. É porque você não vê a necessidade de estar passivamente alerta que você pergunta “como”. Por que você não vê a necessidade disso?

Eu quero ver, mas eu nunca tinha pensado desta forma antes. Tudo o que posso dizer é que eu quero me livrar dos meus problemas, porque eles são uma real tortura para mim. Eu quero ser feliz, como qualquer outra pessoa.”

Consciente ou inconscientemente nós nos recusamos a ver como é essencial estarmos passivamente atentos, alertas, porque não queremos realmente largar nossos problemas; pois o que seríamos sem eles?
Preferiríamos nos agarrar em alguma coisa que conhecemos, embora dolorosa, do que arriscar a perseguir alguma coisa que possa nos levar não se sabe aonde. Com os problemas, pelo menos, estamos familiarizados; mas pensar em ir atrás do causador deles, sem saber aonde isso pode levar, cria em nós medo e entorpecimento.

A mente ficaria perdida sem a preocupação com os problemas; ela se alimenta de problemas, sejam eles problemas mundanos, ou problemas da cozinha, políticos ou pessoais, religiosos ou ideológicos; então nossos problemas fazem de nós pessoas mesquinhas e limitadas.
A mente que é consumida com problemas mundanos é tão mesquinha quanto a mente que se preocupa com o progresso espiritual que está fazendo.
Problemas sobrecarregam a mente com medo, pois os problemas dão força para o ego, para o “eu” e o “meu”. Sem problemas, sem realizações e falhas, o "eu" não existe."
J. Krishnamurti em Aos pés do Mestre

Comentários

  1. Ola Lilian,
    Tudo bem?
    Sabe, depois de tudo que tenho aprendido, por conta propria, sem religião, sem doutrina, sem fraternidades, sem dogmas, cheguei a conclusão que o grande problema de tantas pessoas não acordarem é o ego, e o modo que o sistema sustenta os egos.
    Fui atraz de saber o que Osho fala sobre o carma e ele foi bem claro, carma não, e sim ação e reação.
    O que você acha?, porque tantos dormem, e é quase impossivel acorda-los?
    Paz e Luz.

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  2. Oi Sissi, tudo bem, obrigada!
    O carma tem a ver com o ego /mente (causa-efeito) leis da ação e reação. Mas para a consciência não existe nada disso, está tudo em perfeita harmonia.
    Quanto ao despertar, é algo que não é da dimensão do fazer, e sim do Ser, e acontece quando a existência assim o desejar. Não podemos acordar ninguém, nem a nós mesmos; No momento certo o despertar simplesmente acontece a quem tiver que acontecer; é a existência se auto-revelando a quem ela mesma decidiu.
    O que um mestre pode fazer é simplesmente Ser luz, mostrar a luz, apontar a luz...
    Cada um trilhará seu caminho, até que o caminhante (ego) desapareça...mas o caminho (existência/Deus) este permanece para sempre...Beijos querida, Luz e paz no seu coração também!

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  3. Obrigada, beijão!!!
    Paz e Luz

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