Satisfação...


Viver muitas cenas, muitas miragens, nos faz refletir e meditar muitas vezes nas possibilidades...
Possibilidade disso, possibilidade daquilo...
Como seria se...como poderia acontecer isso...aquilo...

Essa reflexão aconteceu, devido a um texto vedanta que li recentemente, onde o mestre nos mostrava como o envolvimento afetivo, emocional, e eu diria, mental também ecoa como um ruído dentro da cena de realidade que se apresenta a nós.

O texto mostrava que quando admiramos uma paisagem, um pôr do sol, um céu estrelado, nós não ficamos pensando se aquela nuvem, ou aquela árvore, ou aquela estrela, deveriam estar aqui ou ali, que aquela nuance de azul do horizonte, ou aquele pássaro, deveriam estar acontecendo deste ou daquele jeito rsrs...
Reflitam sobre isso, é mesmo curioso...
Nós apenas observamos, nos emocionamos, aquilo nos toca, ou não toca, mas não julgamos...então aquela cena simplesmente é aceita, sem sequer 'pensarmos' nela. Isso a torna leve, simplesmente é aquilo, daquele jeito, pois foi a natureza que fez, foi Deus, foi o que se apresentou...e pronto!

Quando em outros aspectos da nossa vida, estamos envolvidos, incorporados, como eu digo rssr, no fundo dos acontecimentos...aí a coisa é beeemmm diferente!!
Parece que por estarmos envolvidos pessoalmente com a situação, temos poder sobre ela, temos domínio, somos os agentes ativos daquela cena, daquele enredo...mas será mesmo?
Essa é uma questão que devemos ir a fundo...

Nossa vida não é realmente aquilo que imaginávamos quando pequenos, é?
Muitas e muitas coisas foram acontecendo, outras não, e por mais que nós acreditemos que somos nós que controlamos, decidimos, fazemos ou acontecemos, existe sempre o elemento surpresa!! E esses elementos quando surgem, mudam de rumo muitas coisas, nos colocam frente a situações em que temos que refletir, ponderar, nos adaptar...ou então nos revoltar e não aceitar...

Justamente aqui, eu pergunto: -Aonde fica o nosso olhar esvaziado de quando observamos uma paisagem, ou o céu estrelado? É possível justamente nesse momento olharmos nossa vida, e a cena em si, com esse olhar de não envolvimento? É possível experimentarmos as situações da vida, todas elas, sem excessão, dessa maneira? Aceitando o que vier, e agindo de acordo com o nosso coração, mas tendo sempre a consciência de que nada, realmente acontece "fora" de uma ordem, de uma perfeição maior, na qual todos nós estamos envolvidos...

E digo mais, mesmo os nossos pensamentos, emoções, e atos, fazem parte dessa grande engrenagem, dessa grande perfeição que se chama Vida, Deus, Existência...
O que nós vemos, e acreditamos que está sob nosso controle, de fato nunca esteve...

Já que a manifestação acontece, e nós somos guiados por ela...
Se refletirmos um instante, veremos que nós não temos nenhuma autonomia de fato....já que não controlamos sequer o batimento dos nossos corações...nem podemos viver sem respirar, nem sem nos alimentar, enfim...a nossa frágil existência não nos pertence...
Chegamos aqui, não sabemos como, crescemos e vivemos também sem saber, e um dia partiremos, também sem saber quando, nem como....logo, que autonomia real nós temos?

Com isso, fica claro que se nem mesmo controlamos nossa existência pessoal, como vamos nos aventurar a controlar, julgar, criticar a Existência maior da vida, infinitos fatores que se revelam, dentro de uma imensa ordem...de uma imensa engrenagem...
Só nos resta mesmo, contemplar...nos satisfazermos e usufruimos daquilo que a vida nos oferece, ou seja, que a vida oferece a Si mesma...e deixar que ela mesma se encarregue de pintar a realidade com as cores que quiser...
Amor
Lilian

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