Nisargadatta responde...


Nisargadatta, o que é felicidade?
N: A harmonia entre o interior e o exterior é felicidade. Por outro lado, a auto-identificação com as causas externas é sofrimento.

Como é que a auto-identificação acontece?
N: O Ser por sua natureza conhece a si mesmo apenas. Por falta de experiência, o que quer que ele percebe ele toma como sendo ele mesmo. Maltratado, ele aprende a olhar para fora (viveka) e viver sozinho (vairagya). Quando o comportamento correto torna-se normal, um poderoso impulso interno o faz procurar a sua fonte. A vela do corpo é iluminada e tudo se torna claro e brilhante.

Qual é a verdadeira causa do sofrimento?
N: A auto-identificação com o limitado (vyaktitva). As sensações por si mesmas, por mais fortes que sejam, não causam sofrimento. É a mente, confusa com idéias erradas, viciada em pensar: "Eu sou isso". "Eu sou aquilo ", que teme a perda e anseia pelo ganho e sofre quando é frustrada.

Um amigo meu costumava ter sonhos horríveis noite após noite. Ir dormir o aterrorizava. Nada podia ajudá-lo.
N: Companhia verdadeiramente boa (satsang) iria ajudá-lo.

A própria vida é um pesadelo.
N: Amizade nobre (satsang) é o remédio supremo para todos os males, físicos e mentais.

Geralmente não é possível encontrar tal amizade.
N: Procure dentro de si. Seu próprio ser é o seu melhor amigo.

Por que a vida é tão cheia de contradições?
N: Isso serve para quebrar o orgulho mental. Devemos perceber o quão pobres e impotentes somos. Enquanto nos iludimos com aquilo que imaginamos ser, saber, ter, fazer, estamos em uma situação realmente triste. Só numa completa auto-negação há uma chance de descobrir o nosso verdadeiro ser.

Por que tanta ênfase na negação de si mesmo?
N: Tanto quanto na realização de si (auto-realização). O falso ser deve ser abandonado antes do verdadeiro ser poder ser encontrado.

O ser que vcê opta por chamar de falso é para mim angustiantemente muito real. O que você chama de ser real é um mero conceito, uma maneira de falar, uma criação da mente, um fantasma atraente. Meu ser do dia a dia não é uma beleza, eu admito, mas é meu mesmo e é meu único ser. Você diz que eu sou, ou tenho, um outro eu. Você o vê - é uma realidade para você, ou você quer que eu acredite no que o senhor não vê?
N: Não tire conclusões precipitadamente. O concreto não precisa ser real, o concebido não precisa ser falso. Percepções baseadas em sensações e moldadas pela memória implicam um percebedor, cuja natureza você nunca se importou em examinar. Dê-lhe total atenção, examine-o com carinho e você vai descobrir alturas e profundidades do ser que você jamais sonhou absorto como você está na insignificante imagem de si mesmo.

Eu devo estar na disposição de ânimo correta para me examinar de modo proveitoso.
N: Você deve ser sério, ter intenção, estar verdadeiramente interessado. Você deve estar cheio de boa vontade por si mesmo.

Eu sou egoísta, tudo certo.
N: Você não é. Você está o tempo todo destruindo a si mesmo, a si próprio, servindo a deuses estranhos, hostis e falsos. De todo modo seja egoísta – da maneira certa. Desejo o bem para si mesmo, trabalhe com o que for bom para você. Destrua tudo o que se interpõe entre você e a felicidade. Seja tudo - ame tudo - seja feliz - faça feliz. Nenhuma felicidade é maior.

Por que há tanto sofrimento no amor?
N: Todo sofrimento nasce do desejo. O verdadeiro amor nunca é frustrado. Como pode o sentimento de unidade ser frustrado? O que pode ser frustrado é o desejo por expressão. Tal desejo é da mente. Como com todas as coisas mentais, a frustração é inevitável.

Qual é o lugar do sexo no amor?
N: O amor é um estado de ser. Sexo é energia. O amor é sábio, o sexo é cego. Uma vez que a verdadeira natureza do amor e do sexo for entendida não haverá conflito ou confusão.

Mas há tanto sexo sem amor.
N: Sem amor tudo é mau. A própria vida sem amor é má.

O que pode me fazer amar?
N: Você é o próprio amor - quando você não está com medo."
Nisargadatta Maharaj em I am That

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