Sobre as fixações...
Nossas vidas vão sendo alvo de muitas fixações, e nem nos damos conta disso; A mente tem essa característica - se fixar- em algo, em alguém, em algum pensamento, em algum sentimento, em algum desejo, em algum sonho, em algo... se fixa e fica ali presa, repetindo aquele pensamento incessantemente... isso pode durar horas, dias, anos e até décadas...
Todos nós já vivemos isso, tenho certeza, e podemos sentir o quanto isso é desagradável, e nos leva a um profundo desconforto, pois, ficamos divididos entre a realidade do momento presente e a aqueles sonhos, desejos, memórias, pensamentos a que estamos presos...
Essas fixações são alvo de infinitas analises, pesquisas e tenho certeza que são válidas, porém, o que sugiro aqui, é que possamos nos colocar na posição de observadores dessas fixações. Saiamos do meros pensadores identificados - fixados, e aprofundemos que existe algo que observa essas fixações, existe uma consciência de base que diz: Ah, estou fixado nisso... estou preso neste pensamento ...ou estou sempre pensando nisso... ou sentindo isso... sempre fico desejando isso...
Essa consciência que reconhece e aponta a fixação é que nos interessa.
Essa consciência é a fonte que alimenta as fixações. É ela que alimenta os pensamentos, sentimentos, memórias, comportamentos, essa consciência somos nós de verdade, não aquilo que ela aponta.
Aquilo que ela aponta é temporário, muda a todo momento, e não tem existência própria, existe porque a consciência está alimentando aquele pensamento, sem a consciência alimentando aquele pensamento/sentimento/emoção, nada acontece, simplesmente desaparece.
Esta via direta é a base da sabedoria do Jnana Yoga. Não nos perdemos em analises e reflexões sobre aquilo que estamos presos. Pode ser o que for, não importa, o que realmente importa é que façamos uma investigação e coloquemos nosso foco na fonte que alimenta qualquer coisa, e que enquanto estiver iluminando aquele pensamento, alimentando-o ele permanecerá ali.
No momento em que nós identificamos que estamos novamente caindo em fixações, podemos parar e reconhecer, quem nós somos? Somos os pensamentos/emoções/sentimentos que passam, ou somos a fonte que alimenta todos eles?
Essa consciência deixa claro aquilo que é real e aquilo que não é.
Vemos que para que uma fixação exista, e persista, é necessário que a nossa consciência a alimente, dia a dia, momento a momento, do contrário o que resta é a serenidade do silencio e a paz.
Negar alguma coisa só a faz aumentar. Dizer que isso é bom ou ruim, só faz com que criemos divisão interna, e com isso só reforçamos a mente, é sempre ela que se fortalece com qualquer tipo de divisão...
Mas quando partimos do princípio que estamos mergulhados no vasto oceano da mente e, absolutamente TUDO pode acontecer, então deixamos de julgar aquilo que acontece e buscamos apenas observar;
A partir da consciência observadora, vemos TODOS os pensamentos são como nuvens que tentam encobrir a realidade, mas que não tem nenhuma base em si mesmos. Eles chegam, e se vão. Se não os alimentarmos, se não nos identificarmos com eles, eles se vão do mesmo jeito que chegaram. E permanecemos livres, silenciosos, e em paz.
Lidar com a realidade de forma direta é a maneira mais simples de se viver.
Percebam que o silencio, a paz da consciência estão sempre presente.
Eles não são tocados pelos pensamentos/emoções/sentimentos da mente. Se estamos ancorados na consciência tudo pode acontecer, pois não estamos mais identificados com aquilo que acontece. Ancorados na consciência observamos os eventos, simplesmente como eventos que são, e agimos de acordo com o que o momento nos pede, nada mais...
As fixações desaparecem naturalmente, pois só existem se lhes dermos atenção, energia, alimento.. se simplesmente as observarmos também, sem nenhum julgamento, elas serão vistas como são, apenas mais alguns pensamentos/emoções/sentimentos passando pela tela da consciência que somos.. ele vem e se vão...
Somente a consciência permanece...
Silenciosa, pacífica... e livre...
Amor
Lilian
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