O observador é inocente...


"Quando a mente não está corrompida, naquele espaço de inocência, quando criança, ali tem uma potencialidade viva, uma inteligência viva, algo incrível está acontecendo. Porque que nós gostamos tanto das crianças... porque que toda criança se sente amada por todas as pessoas que estão em volta?
Porque existe uma atração tão grande perante os olhos de uma criança? Compara os olhos de uma criança com uma pessoa pura de coração... Jesus inclusive falava sobre isso e dizia : Os puros de coração terão o Reino...é simplesmente isso, uma maneira de falar, uma maneira bonita de falar que as criancinhas terão o Reino, Ele também dizia...
A criancinha é esse olhar inocente, esse olhar puro, esse olhar cheio de amor, esse olhar sem ideias, conceitos a respeito de algo, mas um olhar que vê algo pela primeira vez. Imagina você chegar em casa e vendo a sua namorada, seu namorado, o teu parceiro pela primeira vez...ou olhando para o mundo pela primeira vez...porque a gente gosta tanto de viajar porque a gente vê as coisas, uma cidade, uma paisagem pela primeira vez, e essa primeira vez é encantadora...

Mas como é que nós estamos vivendo? Estamos vivendo de segunda mão, de terceira mão, de quarta mão...a gente olha uma pessoa e a gente já tem toda ideia a respeito daquela pessoa: ela é assim, ela é assado...eu lido assim, eu falo assim; então a gente não vai aberto, e não aproveita aquele momento como momento único, como se fosse a primeira vez...a primeira vez...
Meditação é começar de novo. Mas começar de novo hoje? Não, começar de novo sempre...
Não existe dentro do espaço de uma mente meditativa, de uma consciência que está relaxada em si mesma, não existe nenhuma ideia de superioridade, de inferioridade.. esse que é o grande segredo da iluminação. As pessoas me mandam emails muito engraçados...porque elas disputam a iluminação....eu sou iluminado, eu não sou iluminado...mas, esse espaço de uma ciência que existe em todos, é iluminado, é cheio de graça, é cheio de paz...
Tem gente que diz: Eu acordei!!

Mas não é acordei, não tem passado para isso, existe passado dentro da sua memória, mas isso não está dentro da memória, está aqui agora, isso é vivo, todo o tempo, é precioso...o espaço onde a iluminação ocorre é nessa inocência, não é um saber... nós podemos usar o conhecimento, mas quem está usando o conhecimento? Uma mente ardilosa? Preocupante. Uma mente inocente? Sabedoria.
A sabedoria, ela tem intrinsecamente algumas coisas como: amorosidade, inocência e graça. Isso é o que a gente vê nos olhinhos, no jeito e no falar de todos os grandes mestres iluminados, eles cansam de nos dizer, isso: Esquece a iluminação e vive agora... ela não está no futuro, ela não aconteceu um dia também e você perdeu, não...pode aparecer alguma coisa, que haja uma identificação com algum pensamento, com alguma emoção que no momento você está passando na sua vida, e você se identifica com aquilo, e você diz: eu perdi a minha inocência, eu perdi a minha luz, eu perdi a minha iluminação, eu perdi esse acordar que eu tinha visto já com aquele mestre, naquele tempo... mas você não pode perder nada, você não pode nem ganhar nada...nós podemos apenas nos iludir, de que precisamos ganhar ou de que perdemos...esse espaço de inocência não é perdido...ele é puro.

Nuvens desaparecem do céu, mas o céu não desaparece. As nuvens são os momentos da nossa vida...é o filme. O filme no cinema, tem um inicio, um meio e um fim. Quando o filme termina, lá de madrugada onde não tem nada passando e ninguém no cinema, existe a tela... a tela permanece. A tela é a Alma, é o Espírito, Deus, a Consciência...aquilo que existe anterior a qualquer outra coisa, e é aquilo que permanece em nós no momento meditativo...(...)
Vamos contemplar esse espaço de silêncio (...) a gente precisa estabelecer alguns momentos para ficar em silencio...um espaço da nossa vida em que a gente deixa um pouquinho os objetivos, as metas, a agenda, e simplesmente descansa nesse observador que somos, que é puro, que é pura inocencia, que é puro espaço..."
Swami Sambodh Naseeb - O Observador é Inocente.

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