Ser espontâneo...


"Comece a agir espontâneamente.
Será difícil no início, você sentirá muito desconforto.
Com uma resposta premeditada há menos desconforto, porque você tem mais certeza.

Porque nós não somos espontâneos? É por medo.
O medo de que a resposta possa estar errada, assim é melhor decidir antes. Aí você tem certeza. Mas a certeza pertence à morte.
Lembre-se a vida é sempre incerta. Tudo o que é morto é certo, a vida é sempre incerta.
Tudo o que é morto é sólido, rígido; sua natureza não pode ser mudada.
Tudo o que é vivo está mudando, movendo-se; é um fluxo, uma coisa líquida, flexível. pode voltar-se para qualquer direção.

Quanto mais você adquire certezas, mais você perderá vida. E esses que sabem, sabem que a vida é Deus. Se você perde vida, você perde a Deus.

Aja espontâneamente. Se há algum desconforto no início, permita-se estar lá; não esconda e não reprima e não imite.
Seja como uma criança, mas não infantil. Se você for como uma criança, você se tornará um santo; se você for infantil, pode tornar-se uma grande pessoa instruída.
Você pode imitar, o conhecimento é imitação.
Um Buda diz algo: vem da sabedoria dele, não do conhecimento não da memória; vem da experiência dele.

Você pode imitar isso, pode preencher a mente com isso, pode repetir isso. Isso é infantil. Seja pueril, mas não infantil.

Ser como uma criança é estar na espontaneidade. Uma criança está fresca, sem respostas, sem nenhuma experiência acumulada. Na verdade ela não tem memória, ela age. O que quer que passe pelo seu ser, ela age. Ela não é incentivada, não pensa nos resultados, não pensa no futuro; ela é inocência.

A inocência é meditação.
Comece a ser meditativo em seus atos, nas pequenas coisas. Enquanto come, seja espontâneo; enquanto fala, seja espontâneo; enquanto caminha seja espontâneo. Permita que a vida reaja, não que responda. Seja alguém disser alguma coisa, apenas observe se você está simplesmente repetindo algo costumeiro, só um hábito, ou se a resposta é uma reação; se a mente está repetindo simplesmente um hábito; se a resposta está vindo da memória ou de você.(...)

Todo mundo aborrece todo mundo porque tudo está morto, envelhecido, emprestado, lembra a morte; não está fresco. Olhe para as crianças que brincam e sinta um frescor. Por um momento você pode esquecer até mesmo que ficou velho.

Escute os pássaros, olhe para as árvores ou para as flores, e por um momento você esquece, porque não há nenhuma mente. (...)

No início será incomodo. Mas seja paciente, passe por esse desconforto. Logo a energia vai irromper em você. É perigoso, é por isso que as pessoas o evitam. Ser espontâneo é perigoso, porque quando a raiva vier, ela vem realmente. A mente diz: " Pense, não fique bravo, pode custar-lhe caro". Assim você pensa sempre e descarrega a sua raiva nos que são mais fracos que você, não naqueles mais fortes. (...)

Por causa desses perigos é que a mente pensa antes o que deve ser dito.(...)
A mente criou a sociedade, e a sociedade criou a mente. Elas são interdependentes. Ser um sannyasin significa renunciar a tudo aquilo que é falso. Não renunciar ao mundo, mas renunciar a tudo aquilo que é falso, renunciar á tudo aquilo que não é autêntico, renunciar a todas as respostas, e reagir espontâneamente; não pensar nos resultados, mas ser real.

É difícil...porque muito foi investido na falsidade, nas máscaras, nas faces, nos jogos que você continua jogando.

Ser iniciado como sannyasin significa que agora você tentará ser autêntico; quaisquer que sejam as consequencias, você as aceitará e viverá no presente.
Você sacrificará o futuro pelo presente; você nunca sacrificará o presente pelo futuro. Esse instante será a totalidade de ser ser; você nunca se moverá antecipadamente.(...)
Nós sempre temos medo, medo de que algo possa dar errado.

Mas não tenha medo, nada pode dar errado. E se algo dá errado espontâneamente, então essa é a coisa certa! ...porque o espontâneo é o certo, não aquilo que acontece."
Osho, em Um pássaro em voo, conversas sobre o Zen.

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