Ser Universal - Ramana 2/2


"Você vê a si mesmo com um filho, uma filha, etc. 
Você não tem escolha sobre esse fato. Você não pode dizer “Eu não ligo para o mundo, eu não ligo para nenhum relacionamento”. Você está bem no meio do mundo, você tem tudo a ver com esse mundo. 

"Em sua forma de lidar com o mundo há expressões apropriadas e há expressões inapropriadas. Se você age adequadamente em um relacionamento, você é um karmayogi, você se afina naturalmente com toda a criação. 

Porém os Vedas vão um pouco mais longe. 
Eles dizem que você não é apenas um filho, uma filha, etc, mas que você também é um participante de tudo o que há no universo, que inclui o sol, a lua, o ar, a água, o fogo, as leis e uma tradição de conhecimento. Você é o beneficiário de tudo isto e você tem que reconhecer este fato. Sua vida diária deve consistir em ações que são esperadas de você como uma pessoa relativa enquanto você faz seus diferentes papéis, tais como: pai, mãe, filho, filha, vizinho, cidadão, etc. 

Há certas ações que você deve fazer. 
Você não é uma pessoa isolada; você está relacionado com toda a criação. Todo o universo pulsa em um ritmo. Reconheça todas essas forças em harmonia e a você mesmo como parte desta. Quando você se mantém em harmonia com o ambiente ao seu redor, você está bem. 

Não seja indiferente ao nascer do sol; seja sensível, levante-se antes do nascer do sol e dê boas vindas a ele. Levante suas mãos para o alto e ofereça a sua gratidão ao Senhor na forma do sol. De forma semelhante aprecie as nuvens, o oceano, os rios, as montanhas, as plantas, as árvores. Diariamente ofereça suas preces aos deuses: Agni, Varuna, Soma, etc..., que são expressões fenomênicas do próprio Criador.

Você desfruta de uma cultura e tem acesso ao conhecimento transmitido pelas gerações que o precederam. 

Você é capaz de olhar à frente, pois você está amparado pelo ombro de gigantes. As pessoas que já morreram estão certamente presentes em você. Portanto, lembre-se delas regularmente. Não esqueça o esforço destas gerações. 

Desta forma, você torna-se uma pessoa sensível, responsável. Ofereça suas preces aos antepassados e cuide dos seres viventes que compartilham deste mundo, sejam plantas ou animais; eles também contribuem para o seu bem-estar, direta ou indiretamente. 

Também, ofereça comida àqueles que não estão tão bem como você. Trate o hóspede ou qualquer pessoa como o próprio Senhor, seja ele um santo ou uma pessoa comum. 

Você se sentirá abençoado que as pessoas venham até você. Tudo o que você tem não é seu próprio mas lhe foi dado em custódia. E ao final do dia faça uma prece: “Ó, Senhor! Abençoe-me e perdoe-me se eu tiver cometido, conscientemente ou não, ações que porventura não estejam em harmonia com o universo”.

Há obrigações que devem ser feitas estejam elas em conformidade ou não com os seus gostos e aversões. Elas têm que ser feitas. 

Faça de forma feliz aquilo que é esperado de você. Então você estará em harmonia com o Universo, com o Senhor, com os Deuses. 

Isto lhe dará uma visão, uma certa condição mental. E, então, você terá que se expor ao ensinamento sobre o Ser e com isto certamente você obterá o conhecimento de si mesmo. Gostos e aversões não são problemas, pois eles serão neutralizados por essa atitude. Isto é o que chamamos de dharma. Não é uma obrigação a uma religião; é algo inevitável. 

O indivíduo deve compreender o que é certo e o que é conveniente. Convenções, quando compreendidas, evitam conflitos e, portanto, são importantes. Nós aprendemos sobre elas enquanto crescemos e vemos as suas belezas. 

Isto é karmayoga; não há nada que se possa fazer separadamente. Viva a vida de forma apropriada e expressivamente; com relação a isso não há escolha. Aceite de forma feliz tudo o que vier para você e gostos e aversões serão incapazes de perturbá-lo. Desta forma karmayoga é a yoga da atitude com relação à ação e ao seu resultado."
Ramana Maharshi em Essence of the Teaching by Ramana Maharshi
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