Osho fala sobre o Hassidismo.
Esta palavra hasid, é muito bonita. Todo o ponto de vista do hasidismo é baseado na graça. Não é você que faz alguma coisa - a vida já está acontecendo; você só fica silencioso, passivo, alerta e receptivo. Deus vem através dessa graça, não através do seu esforço. Portanto, o hassidismo não tem austeridade prescrita para você. O hassidismo acredita na vida, na alegria. É uma das religiões no mundo que afirmam a vida; Não supõe nenhuma renúncia; você não tem que renunciar a nada. Pelo contrário, você tem de celebrar. Dizem que o fundador do hassidismo, Baal-Shem, teria dito: Eu vim para lhes ensinar um novo caminho. Não é um caminho de jejum, nem de penitência, nem de indulgência, mas de alegria em Deus.
O hassidismo ama a vida, tenta experimentar a vida. Essa experiência começa dando equilíbrio à pessoa. E é nesse estado de equilíbrio que algum dia, quando ela estiver realmente equilibrada, não pendendo para este nem para aquele lado, mas estiver exatamente no meio, ela transcende. O meio é além, o meio é a porta a partir da qual se vai além.
Se você realmente quer saber o que é a existência, saiba que ela não é nem vida, nem morte. A vida é um extremo, a morte é outro extremo. A existência está simplesmente no meio, onde nem a morte nem a vida estão, onde simplesmente não se nasce, nem se morre. Naquele momento de equilíbrio, a graça desce.
Eu gostaria que toda as pessoas se tornassem receptoras da graça. Eu gostaria que todas elas aprendessem essa ciência, essa arte do equilíbrio.
A mente escolhe, com muita facilidade o extremo. Há pessoas que são indulgentes demais; são indulgentes no que diz respeito à sensualidade, à comida, à roupas, à casa, a isto e áquilo. Há pessoas que, em sua indulgência, se inclinam demais para a vida, caem, desabam. (...) E existem aquelas que começam a pender para o outro lado, para o outro extremo. Elas renunciam ao mundo, fogem para o Himalaia, fogem da esposa, dos filhos, da casa, do mundo, do mercado e se escondem em mosteiros. Escolheram o outro extremo.
A indulgência é a vida extrema; a renúncia é a morte extrema.(...)
Toda a abordagem hassídica consiste em não escolher nenhum extremo, mas em permanecer no meio, disponível para ambos, e no entanto, além de ambos, sem se identificar com um nem com outro, sem ficar obcecado nem fixado em um ou em outro - penas permanecendo livre e alegremente desfrutando de ambos. Se a vida vem, desfrute da vida; se a morte vem, desfrute da morte. Se, por sua graça, Deus dá amor, vida - ótimo; se ele manda a morte, deve, deve ser bom - é uma dádiva dele.
Baal-Shem está certo quando diz: Eu vim para lhes ensinar a alegria em Deus.
O hassidismo é uma religião de celebração. É o mais puro desabrochar de toda a cultura judaica. O hassidismo é a fragrância, um dos mais belos fenômenos sobre a terra.
O hassidismo ensina a viver em comunidade. É uma abordagem comunal. Diz que o homem não é uma ilha, o homem não é um ego - não deveria ser um ego, não deveria ser uma ilha. O homem deveria viver uma vida de comunidade.
Viver em uma comunidade é viver em amor; viver em uma comunidade é viver em compromisso, importando-se com os outros.
Há inúmeras religiões que são muito, muito voltadas para si mesmas; elas só pensam no eu, nunca na comunidade. Como eu vou me tornar liberado; como eu vou me tornar livre, como eu devo alcançar moksha - minha liberdade, minha salvação... Mas tudo é procedido por meu/minha, pelo eu. E essas religiões se esforçam par abandonar o ego, mas todo o seu esforço é baseado no ego. O hassidismo diz que se você quiser abandonar o ego, o melhor meio é viver em comunidade, vivem com pessoas, preocupar-se com as pessoas - com a alegria delas, com a tristeza delas, com a felicidade delas, com a vida delas, com a morte delas. Interesse-se pelos outros, envolva-se, e o ego desaparecerá sozinho. E quando o ego não existe, a pessoa está livre. Não existe liberdade para o ego, só existe liberdade do ego.
O hassidismo usa a vida comunitária como um dispositivo. Os hassidianos viviam em comunidades muito pequenas, e eles criaram belas comunidades, sempre celebrando, dançando, desfrutando as pequenas coisas da vida. As pequenas coisas da vida - comer, beber - eles as transformaram em coisas sagradas. Tudo adquire a qualidade de oração. O comum, da vida não é mais comum, é envolvido pela graça divina. (...)
A vida comum tem que ser consagrada, tem que ser sagrada.(...) Não se trata do que você faz, depende da qualidade que você oferece à oração. Você pode comer, pode fumar, pode beber, pode fazer todas essas pequenas coisas, coisas mundanas, com tamanha gratidão, que elas se tornam orações.
A questão é esta: não depende do que você faz. Você pode tocar os pés de alguém de maneira bem antioracional - aí não faz sentido; mas você pode fumar, e fazer isso de uma maneira oracional, e a sua oração chegará a Deus."
Osho em O homem que amava as gaivotas
Gratidão maestro
ResponderExcluir