Sinto muito - Jeff Foster



"Há vários anos atrás, quando acreditei estar completamente iluminado, e muito além do ego, ( vejam o ridículo disso? ) tinha eu um mantra:

"Nunca pedir desculpas. Jamais dizia: Sinto muito."

Acreditava que isso era perfeito.
Além da humanidade.
Além da censura.

E como não havia "nada aqui", obviamente que necessitava me desculpar por nada ( já que era perfeito e o Universo jamais comete nenhum erro ).

Se alguém tivesse algum problema "comigo",
Se alguém se aborrecia com alguma coisa que havia dito,
Certamente devia ser sua própria projeção,
Seu ego
Sua falta de iluminação
Seu sofrimento.

Isso era o que acreditava, tal qual ( e também acreditava que já estava livre de crenças ).

Me sentia atraído por mestres espirituais "radicais" e "absolutistas" que atuavam com certa crueldade e que nunca se desculpavam e que aparentavam ser imperturbáveis.
Como pareciam ser Iluminados!
Geniais e distantes!
Completamente imunes à vida!
Sumamente protegidos das dores e alegrias, que implicam as relações íntimas humanas!

Mas amigos, quando foi que se dizer "Sinto muito" - e fazer as pazes e escutar profundamente os demais e nos relacionarmos mutuamente na humildade e em alegre dúvida e nos abraçarmos e chorarmos juntos - se converteu no Pecado Original da Iluminação?

Mas mantinha os "outros" à distância, e me recusava a me envolver ( e assim afirmava que não havia "nenhum outro" como um robô bem treinado do Advaita, negando perfeitamente o imperfeito coração humano.)

Tratava-se de uma Unidade desconectada.
Um reconhecimento carente de amor
Um fogo sem calor.
Um despertar medíocre.

E agora vejo que é um grande alívio ser capaz de dizer, e dizer realmente a partir do coração...

Sinto muito...


***
Aquilo que chamam de "iluminação" não é uma exclusão, nem uma fragmentação dos sentimentos, das sensações, emoções... mas a total inclusão de tudo o que existe, de todas as manifestações, pensamentos, sentimentos, afetos, relações, tudo é perfeitamente acolhido, amado, e iluminado pelo fogo do amor incondicional.

Esta maneira de se colocar como alguém frio, distante, impessoal, ainda é o ego ardiloso, se disfarçando de superioridade discriminatória, onde as relações são banalizadas, o brilho dos olhos e o envolvimento são taxados de inferiores e desnecessários.

Neste belo depoimento, Jeff nos aponta uma grande armadilha que precisamos ficar atentos neste processo de desidentificação. Não cairmos na inconsciência da nossa humanidade, na inconsciência de que o Amor é a nossa essência, é a Verdadeira essência, e que o verdadeiro despertar só acontece através do Amor, da Compaixão, e da Humanização, da Humildade...
É o fogo do Amor que "queima" a ignorância da mente...

Somos muitas vezes levados a ignorar a dor, o sofrimento alheio por vermos que aí se trata da ignorância de sua natureza essencial. 
Mas, se estamos centrados no coração, como nos dizia Ramana, naturalmente estaremos receptivos, acolhedores e ao mesmo tempo lúcidos, conscientes, e poderemos apontar luz e consciência para aquele que está ainda identificado com a falta, com o sofrimento e a dor.

Nada está fora, pois não existe nenhum "fora"!
Tudo incluído, tudo pertencendo...
Mesmo a ignorância, mesmo o medo, e porque não, mesmo o desculpar-se...
Todos somos Um, e nessa Consciência amorosa, tudo está absolutamente incluído e assumido como próprio... 
Só mesmo o Amor é capaz de realiza Isso...
Amidha Prem

Comentários

  1. Conheço bem este fogo, embora fale dele a poucas pessoas. Ninguem, ou quase ninguem entenderia do que falo. ELE, o fogo é avassalador em nosso coração, todavia tão gostoso, tão prazeiroso. Na terra não tem praxer que a ele se assemélhe. É indescritivel, invisivel como tudo o que é DIVINO. Todos os dias na minha entrega e fusão com a fonte, peço para que toda a humanidade possa senti-lo pelo menos uma vez em sua vida terrena. Que o Universo me atenda.

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  2. Namastê Liliana Amorim. Peço desculpa pelo erro ortográfico na terceira linha, eu tenho péssimo defeito de escrever rápido e não ler para corrigir. Nunca leio antes de publicar. Onde se lê: praxer, que se leia prazer.
    Repetidas desculpas.

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