Osho fala sobre o batismo de Jesus


"Uma vez pediram a um rabino que resumisse toda a mensagem da Bíblia. Ele respondeu que toda a mensagem é muito simples e curta. É Deus gritando para o homem: "Entronize-me!"
Foi isso que aconteceu naquele dia no rio Jordão. Jesus desapareceu, Deus foi entronizado. Jesus esvaziou a casa, Deus entrou. Ou você existe ou Deus existe - os dois não podem coexistir. Se você insiste em existir, então abandone a busca de Deus; ela não se realizará. Dessa forma a busca é impossível, absolutamente impossível. Se você estiver presente, então, Deus não pode estar; a sua própria existência, a sua presença é a barreira. Você desaparece... e Deus está. Ele sempre esteve.

O homem vive como uma parte, separado do todo. Ao redor de si, ele cria ideias, sonhos, o ego, a personalidade, e pensa em si como uma ilha, desconectado do todo, sem relação com o todo. Você já conseguiu ver algum relacionamento entre você e as árvores? Já conseguiu ver algum relacionamento entre você e o mar? Se não conseguiu, então jamais chegará a ver o que é Deus. Deus, a divindade, não é nada mais que o todo, a totalidade, a unidade. Se você existe como uma parte separada, desnecessariamente existe como um mendigo. Você poderia ser o todo, a totalidade, a unidade. E mesmo quando pensa que é separado, você não é - isso é apenas um pensamento na mente. O pensamento não está enganando Deus, está enganando somente você. O pensamento é simplesmente uma barreira para seus olhos se abrirem.

Naquela manhã no rio Jordão, quando João Batista iniciou Jesus, ele matou Jesus completamente. Jesus desapareceu. E naquele momento de vazio - aquilo que Buda chama de shunyata, vacuidade - os céus se abriram e o espírito de Deus, como uma pomba, desceu sobre Jesus, iluminando-o. Isso é apenas simbólico; Jesus morreu, Deus foi entronizado. Isto é o que no zen se chama de transmissão especial, fora das escrituras. Nenhum conhecimento foi transmitido por João Batista a Jesus, nenhuma escritura foi transmitida - nem mesmo uma única palavra foi pronunciada. Nenhuma dependência de palavras ou letras, apenas um apontar direto para a alma do homem, uma penetração na natureza do homem - a obtenção do estado búdico.(...)

Jesus tornou-se uno com Deus, mas imediatamente foi banido por sua própria tradição. Ele tentou de mil e uma maneiras permanecer parte da comunidade, mas foi impossível. Ele não podia fazer parte das escrituras, não podia fazer parte da tradição. Algo do além entrara nele e, quando Deus entra, todas as escrituras se tornam inúteis. Quando você mesmo vem a conhecer, todos os conhecimentos se tornam lixo.

Essa foi a luta entre Jesus e os rabinos. Eles tinham conhecimento, Jesus tinha o saber - e estes nunca se encontram. O homem do saber é rebelde, o homem do saber tem seus próprios olhos; ele diz o que quer que veja. O homem do conhecimento é cego; ele carrega a escritura e nunca olha ao redor; segue apenas repetindo as escrituras. O homem do conhecimento é mecânico, não tem nenhum contato pessoal com a realidade."
Osho em Palavras de Fogo, reflexões sobre Jesus de Nazaré.


Comentários