Sobre o Amor - Osho


"Sua pergunta é, ‘Você poderia falar sobre a arte de nutrir-se com amor?‘ Não há arte porque não há necessidade de nenhum esforço. 

O Amor é a nutrição. Mas a humanidade tem sido tão confundida por seus líderes que ela não conhece o centro mais íntimo do seu próprio ser. O amor é a nutrição em si mesmo. Quanto mais você ama, mais achará espaços não visitados onde o amor vai se espalhando continuamente ao seu redor como uma aura.

Mas esse tipo de amor não tem sido permitido por nenhuma cultura. Elas têm forçado o amor por um túnel muito pequeno: você pode amar a sua esposa, sua esposa pode amar você; você pode amar seus filhos, pode amar seus pais, pode amar seus amigos. E as culturas enraizaram duas coisas tão profundamente em cada ser humano. Uma é que o amor é algo muito limitado – amigos, família, filhos, marido, esposa. E a segunda coisa que elas têm insistido é que existem muitos tipos de amor.

Você ama de um jeito quando ama seu marido ou sua esposa; então tem que ter outro tipo de amor quando ama seus filhos, e um outro tipo de amor quando ama seus idosos, sua família, seus professores, e um outro tipo de amor para os seus amigos. Mas a verdade é que o amor não pode ser categorizado do jeito que tem sido durante toda a história da humanidade.

A razão porque todas as culturas têm insistido nessa categorização é que elas têm muito medo do amor, porque se há o amor existencial, ele não conhece fronteiras – então não se pode colocar Hindus contra Maometanos, ou Protestantes contra Católicos. Não se pode desenhar uma linha dizendo que não pode amar uma pessoa porque ela é Judia, Chinesa. Os líderes do mundo querem dividir o mundo, mas para dividi-lo eles têm que fazer a divisão básica que é a do amor.” [1]


"Nós começamos com um dos mais profundos sutras do Gautama o Buda
‘Ame-se...’
Exatamente o oposto tem sido ensinado a você por todas as tradições do mundo, todas as civilizações, todas as culturas, todas as igrejas. Elas dizem: “Ame os outros, não ame você mesmo.” E há uma certa estratégia esperta atrás desse ensinamento.

Amor é o alimento da alma. Exatamente como a comida é para o corpo, assim é o amor para a alma. Sem comida o corpo é fraco, sem amor a alma é fraca. E nenhum governo, nenhuma igreja, nenhum interesse assumido, jamais quis que as pessoas tenham almas fortes, porque uma pessoa com energia espiritual está destinada a ser rebelde.

O amor faz de você um rebelde, revolucionário. O amor lhe dá asas para voar alto. O amor lhe dá percepção para coisas, tanto que ninguém pode enganá-lo, explorá-lo, oprimi-lo. E os sacerdotes, os padres, pastores, bispos, cardeais e os políticos sobrevivem somente do seu sangue – eles sobrevivem somente pela exploração. Todos os clérigos, pastores, bispos, etc... e todos os políticos são parasitas.

Para fazê-lo espiritualmente fraco eles acharam um método certeiro, cem por cento garantido, que é ensina-lo a não amar a si mesmo. Se um homem não pode amar a si mesmo ele certamente não pode amar mais ninguém. O ensinamento é muito ladino. Eles dizem “Ame os outros” porque sabem que se não pode amar a si mesmo, você não pode amar os outros. Mas eles continuam dizendo “Ame os outros, ame a humanidade, ame a deus, ame a natureza, ame sua esposa, seu marido, seus filhos, seus pais, mas não ame a si mesmo” – porque amar a si mesmo é egoísmo de acordo com eles.

Eles condenam o amor-próprio mais que qualquer outra coisa – e eles têm feito seus ensinamentos parecerem muito lógicos. Eles dizem: “Se você amar a si mesmo se tornará um egoísta; se amar a si mesmo, se tornará um narcisista.” Isso não é verdade. Um homem que ama a si mesmo declara que nele não há ego. É amando os outros sem amar a si mesmo, tentando amar os outros que o ego aparece.

Os missionários, os reformadores sociais, os servidores sociais, têm os maiores egos no mundo – naturalmente, porque se julgam seres humanos superiores. Eles não são comuns: pessoas comuns amam a si mesmas; eles amam os outros, amam ideais maiores, amam a deus. E todo o amor deles é falso, porque todo o amor deles não tem nenhuma raíz. Um homem que ama a si mesmo dá o primeiro passo para o amor real.”[2]

[1] Osho, Om Mani Padme Hum: The Sound of Silence, the Diamond in the Lotus
[2]Osho, The Dhammapada: The Way of the Buddha

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