Estado de alerta e moralidade - Osho


"Três palavras devem ser compreendidas: uma é "religião" ou espiritualidade; a segunda é "moralidade"; e a terceira é "legalidade".
Religiosidade ou espiritualidade não subsiste em idéias morais - está além do moral e do imoral, está além do certo e do errado; não possui consciência externa ( conscience ): vive da pura consciência-em-si ( cousciousness). Existe um tremendo "estado-de-alerta", e a pessoa age a partir desse "estado-de-alerta". Quando acontece de a  ação surgir do "estado de alerta", ela é inevitavelmente boa.

Mas o homem vive num "estado não alerta". Toda a vida do homem é cheia de "estados não alertas" - ele é quase como um robô. Ele vê, e contudo, não vê; ele ouve e contudo, não ouve; Ele existe, mas somente no sentido literal da palavra, não realmente, não como um Buda, ou um Cristo, ou um Zarathustra... ou como Dionísio, Pitágoras, Heráclito. Não, ele não existe com tal intensidade, com aquele "estado de alerta".

Desse modo, a moralidade se torna quase uma necessidade - ele á um substituto. Quando não se pode ter a coisa verdadeira, então, é melhor ter alguma coisa não-verdadeira do que não ter nada absolutamente, porque o homem precisa de um certo código de comportamento. Se este flui do estado de alerta, então, não há nenhum problema.

As pessoas estão vivendo apenas numa espessa nuvem de inconsciência. Suas vidas não são aquela vida de luz, mas a de escuridão e, vindo dessa escuridão, dessa confusão, dessa fumaça, o que você pode esperar? Elas estão fadadas a fazer algo tolo, algo errado.

A menos que todos os homens se tornem um buda, permanecerá a necessidade de alguma espécie de moralidade. A moralidade não é algo grandioso: é um substitutivo pobre da religião. Se você pode ser religioso, então, não há a necessidade de moralidade.(...) Todas as ideologias políticas e religiosas não são nada mais do que tranquilizantes não-medicinais. Todo o propósito é o de fazê-los viver no sono, de modo que vocês possam ser explorados, oprimidos, escravizados e, ainda assim, não estarem alertas para o que lhes está acontecendo.(...)

Você me pergunta, Sangvai, Por que deve haver uma diferença entre o padrão moral e o padrão legal...?
Há uma diferença entre os padrões moral e religioso. "Religião" significa que você "vive a partir da sua consciência". "Moralidade" significa que você "vive de acordo com os mais altos padrões que a sociedade impôs sobre você" e não de acordo com a sua própria luz. E o padrão legal é o mínimo.

O padrão moral é o máximo, a maior expectativa da sociedade; e o padrão legal é a expectativa mínima: "Pelo menos, deve-se cumprir o legal". O legal é o limite mais baixo e o moral é o limite mais alto, daí a diferença. A diferença existe.

Há muitas coisas imorais que não tem nada a ver com a lei. Você pode estar fazendo muitas coisas imorais, mas não pode ser apanhado legalmente, porque a legalidade consiste, no mínimo, no limite mais baixo.

Dizem que o melhor professor é aquele que é capaz de explicar o que está dizendo ao aluno mais estúpido da classe. Se o mais estúpido pode compreendê-lo, então, é claro, todos os outros, compreenderão. A lei pensa na pessoa mais estúpida.(...) A moralidade pensa no mais inteligente, no mais humano. Daí a diferença entre as duas - e a diferença continuará.

E eu tenho de lembrá-lo de uma terceira coisa também: do padrão espiritual. Este é o maior, o transcendental, além do qual não existe nada. Os budas vivem de acordo com o moral e os assim chamados cidadãos vivem de acordo com o legal. Estas são as três categorias de seres humanos.(...)
Até agora, o ser humano apenas parece ser humano: lá no fundo ele não é nada mais do que um animal mascarado de ser humano. Sua humanidade não tem nem a espessura da pele: basta arranhá-lo um pouquinho do animal sai. O ser humano com o qual no trivial, que só isso já prova a sua mediocridade...Não pode nos dar nenhum índice de sua inteligência.

O homem continua argumentando sobre grandes coisas, mas prossegue vivendo de maneira totalmente diferente. Seus pensamentos são muito elevados; sua vida é muito imatura. Na verdade, ele cria todos esses grandes pensamentos para encobrir sua imaturidade. (...)

Nossos filósofos, nossos psicanalistas, teólogos, permaneceram abstratos, falando sobre grandes coisas, só para escapar da medonha realidade.
Meu esforço aqui é ajudá-lo a tornarem-se cientes da feia realidade, porque estar ciente dela mudará a feiura em beleza. O estado de alerta é o milagre."
Osho em Teologia Mística

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