O Segundo Nascimento - Osho
Fora, você sempre vai encontrar uma multidão - em qualquer caminho. Você pode ter escolhido um caminho que parece ser silencioso, sem trânsito, mas mais adiante você não sabe. Em todo caminho encontrará alguma multidão. Às vezes uma multidão maior, às vezes uma multidão menor, mas você as encontrará.
Só há um caminho que vai para dentro, onde você não vai encontrar um único ser humano, onde vai encontrar apenas silêncio e paz. Então você vai se encontrar, e depois disso nem você estará mais lá.
A solidão torna-se tão pesada e densa que você não consegue ficar ali, não consegue ter um "eu", um "ego" uma sensação de separação da existência. Seu "eu" não é nada além de uma sensação de separação. E quando você se vê unido à existência, nenhum conhecimento é necessário.
Em sua inocência, você conhecerá tudo que é grande, tudo o que é belo, tudo o que é verdade. Mas não será uma repetição de qualquer escritura e não será nada emprestado. Será verdadeiramente seu, terá sua assinatura.
E esta é uma das maiores bênçãos na vida: ter uma experiência que seja absolutamente sua, e não uma cópia. Só aquilo que é absolutamente novo, original, surgido das verdadeiras fontes do seu ser, pode lhe dar satisfações, preenchimento, contentamento e uma profunda compreensão de todos os mistérios da vida e da existência.
É bom começar com a inocência, mas lembre-se de que há dois tipos de inocência: uma é a inocência da criança e a outra é a do meditador.
O meditador também se torna uma criança, mas isso ocorre em um nível muito diferente, em uma altura muito elevada - como se a criança estivesse no vale, e o homem iluminado, que de novo se tornou uma criança, estivesse no pico iluminado pelo sol. A distância é enorme. Mas há certa similaridade, um fio que vai da criança ao coração do sábio. A criança não consegue entender o sábio, mas o sábio consegue entender a criança. Lembre-se sempre disso como regra fundamental: o inferior não consegue entender o superior, mas o superior consegue entender o inferior.
E na sua vida, se algo puder ser comparado com esse alto pico, é sua infância. Tente redescobri-la. Não a encubra com conhecimento a ponto de esquecê-la. Remova todo o conhecimento para que possa redescobrir sua inocência. Quando você remover seu conhecimento, estará removendo sua própria mente, porque sua mente é um nome coletivo para seu conhecimento. Não é qualquer entidade - como chamamos estas árvores aqui em volta de "o jardim", mas o jardim é apenas um nome coletivo. Se você continuar procurando o jardim não o encontrará; você sempre encontrará árvores individuais, roseiras, flores sazonais, mas não encontrará o jardim como tal em parte alguma.
Lembre-se de que muitas vezes nos sentimos perdidos com nomes coletivos. Começamos a pensar que esses nomes coletivos são realidades; eles não são. A sociedade não existe. (...) O que existe são indivíduos.
A mente, não existe, ela é apenas um nome coletivo para todo o seu conhecimento. Remova pouco a pouco tudo o que você sabe, e quando tudo o que você sabe tiver sido removido, você não encontrará nenhuma mente ali, nem mesmo o contêiner em que todo aquele conhecimento estava contido. (...)
Sendo puramente inocente, centrado em si mesmo, sabendo que a vida é um mistério e que não há nada a saber, que o conhecimento, por sua própria natureza, é impossível, somos envolvidos pelo miraculoso. E é belo que sejamos envolvidos pelo miraculoso, porque isso torna a vida uma excitação contínua, um êxtase.
Você nunca se cansa de descobrir novos espaços dentro de você. Você nunca fica entediado, porque há sempre algo novo à medida que você penetra mais profundamente dentro de você. E quanto mais profundamente você se move para dentro de si, mais se move em direção à própria existência, por que no fundo você está enraizado na existência. Se a árvore se move profundamente para dentro de suas raízes, ela encontrará a terra. (...)
Se nos movermos em direção ao nosso centro... Você ficará surpreso em saber que nosso centro também tem suas raízes na existência, embora elas não sejam raízes visíveis. Nossa consciência é parecida com o ar.
Ela não é visível, mas você consegue senti-la. Você consegue sentir quando o ar é frio e consegue sentir quando o ar é quente. Você consegue sentir sua consciência de muitas maneiras; quando ela é pura, é fria; quando é impura, é quente. Impura com a ambição, impura com desejos, impura com objetivos - então ela é quente, você não se sente à vontade, não há paz interior. Mas quando todos esses desejos o deixam, há um enorme frescor que continua crescendo.
E quando você se aproxima de si mesmo, está se aproximando do universo. E o maior momento na sua vida é quando você aceita o mistério da existência como ele é, sem fazer nenhum questionamento. Você entendeu uma coisa: que a existência é misteriosa e vai permanecer misteriosa. Não há necessidade de nenhum conhecimento. Isso significa que você se ajustou com o universo como algo misterioso e se ajustou consigo mesmo com sua inocência.
Este é o segundo nascimento. Na Índia chamamos este estado de dwij, o segundo nascimento. E esta é sua busca aqui."
Osho em Inocência, conhecimento e encantamento
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