A morte e os estados de Consciência - Eckhart Tolle
E. Tolle - Bem, eu ainda não passei pela morte física.Um mestre zen foi perguntado sobre a vida depois da morte, e ele disse: "Eu não sei". E eles disseram: "Porque você não sabe, você é o mestre!". "E ele disse: Sim, mas eu não sou um mestre morto."
Eu entrei bem profundamente no que se poderia chamar morte e identificação com a forma.Então, de certa maneira entrei neste contexto; e posso dizer e saber que em última análise morte é dissolução da forma.
O eterno em nós, que eu conheço de primeira mão, não pode ser tocado por isso.
Eu diria que, o que exatamente acontece no momento da morte, depende de em qual "estado de consciência" você está. Qual é o "estado de consciência" predominante neste seu tempo de vida.
Se neste tempo de vida, você está continuamente identificado com a forma, com seu corpo ou a forma psicológica do "eu", significa que esta atual expressão da consciência ainda está em um certo estado de sonho, que é a identificação com a forma.Então, você pode facilmente extrapolar que, se a tendência da consciência em se identificar com a forma ainda está presente e o "despertar" ainda não aconteceu, então essa tendência continuará e haverá subsequentes identificações com a forma, e o processo vai continuar; a consciência que não está plenamente desperta irá continuamente se identificando com a forma mais uma vez. Isso gradativamente até que chegue em um ponto onde o "despertar" aconteça.
Por outro lado, caso já tiver ocorrido uma desidentificação com a forma neste tempo de vida, você então, pode ir além disso; além do impulso compulsivo em se identificar com a forma, e para buscar por outra forma ou por um outro ciclo de identificação com a forma.
Esta compulsão por buscar subsequentes experiência que se identificam com a forma estará mais fraca ou estará completamente ausente. E neste caso, a consciência que você é não mais está sujeita a esse reino, e não mais buscará re-experimentar esse reino da forma.
Mas, em ambos os casos, eu posso lhe dizer que está tudo bem.
Não importa realmente se essa pessoa necessita de subsequentes experiências de identificação e nesse caso, isso lhe ocorrerá.Ou, se ela já está livre dessa sujeição e nesse caso ela irá seguir em frente, e viver em um reino que não pode nem mesmo ser concebido daqui onde estamos, mas que também está profundamente dentro daquilo que É.Mas nem precisamos falar sobre isso aqui.
No Curso em Milagre resume isso em duas linhas: "Nada real pode ser ameaçado. Nada irreal existe. Nisto está a Paz de Deus."
O que é real dentro do seu amigo, está além da forma. Todos quando vêem um corpo morto, percebem que aquele não é mais quem você conhecia, é apenas uma casca.
Então, "Nada que é real pode ser ameaçado, e nada irreal fundamentalmente existe."
Isto é porque todos os mestres de todas as tradições dizem que este reino da forma é essencialmente ilusório.
Essencialmente...
Depende de qual nível você está olhando.
O importante é que tudo está bem como está.Além das aparências no nível da forma que é o único nível onde a morte existe, que é a transição de uma forma par outra forma, ou de uma forma para o "sem forma".
Isso é o que a morte é. Nada mais que isso..Nada real morre..
Em suma podemos dizer que não há tal coisa como a morte.É somente algo que parece ser. É uma transmutação da forma. Ou a forma se dissolve ou passa a uma outra forma, a uma outra identificação com a forma.
Para você é importante, frente a morte, voltar-se para o espaço de quietude dentro de si mesmo. Especialmente quando você está ao lado de uma pessoa que está no processo de morte; ou quando de confronta com alguém que acaba de morrer.
Imediatamente feche os olhos, e volte-se para quietude interior, e você percebe que você É. E quando você percebe que você é a consciência "sem forma", então você percebe também que nada real morre.O que fundamentalmente quer dizer que não há nenhuma morte.
Isso não significa que você não possa ficar triste. Você pode se permitir ficar triste, chorar...mas ao mesmo tempo perceber que nada real morre.
Isso aconteceu comigo quando meus pais morreram há dois anos atrás, em um espaço de seis meses um do outro.
Então, fui confrontado em um curto espaço de tempo com a perda de duas pessoas amadas.
Sim, fiquei triste, chorei.. mas ao mesmo tempo havia a percepção que, em última instância não havia nenhuma morte e quem eles eram em essência, não tinha sido destruído, tanto quanto sei que eu, em minha essência não posso ser destruído.
Então, o que vem da auto percepção, do auto conhecimento é a percepção que o outro também está além da morte.
É assim que você pode coexistir com o nível onde há espaço para a tristeza, luta, as lágrimas e isso vem em ondas; e notar que quando geralmente alguém próximo morre a tristeza vem em ondas e você chora e isso o alivia e aí vem outra onda. E mesmo quando uma onda vem pode haver uma corrente subjacente de paz.
Então, você não está totalmente naquela emoção, e ela está lá na sua espacialidade própria. E o espaço que subjaz a emoção é a Paz. E é somente dessa paz interior que você pode perceber, a verdade que está além disso."
Eckhart Tolle em Satsang
Foi a primeira vez que vi um desses instrutores falando sobre isso, confesso que ainda me surgem muitas dúvidas quanto a isso.
ResponderExcluirTambém tenho dúvidas.
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