O Ser e o desejo - Nisargadatta
Maharaj: A simplicidade, tanto em teoria como na prática. (...)
Participante: Que prova eu terei de que me conheço corretamente?
Maharaj: Você não precisa de provas. A experiência é única e inequívoca. Aparecerá em você subitamente quando os obstáculos estiverem eliminados em certa medida. É como uma corda gasta rompendo-se. Seu esforço está nos cabos. A ruptura está destinada a acontecer. Pode ser adiada, mas não impedida.(...)
Participante: Estou confuso por sua negação da causalidade. Isto quer dizer que ninguém é responsável pelo mundo como ele é?
Maharaj: A idéia de responsabilidade está em sua mente. Você pensa que deve haver algo ou alguém unicamente responsável por tudo que acontece. Há uma contradição entre um universo múltiplo e uma causa única. Ou um ou o outro deve ser falso. Ou ambos. Tal como eu o vejo, tudo é um devaneio. Não há nenhuma realidade nas ideias. O fato é que, sem você, nem o universo nem sua causa poderiam ter vindo a existir.
Participante: Não posso perceber se sou a criatura ou o criador do universo.
Maharaj: ‘Eu sou’ é um fato sempre presente, enquanto ‘Eu sou criado’ é uma ideia. Nem Deus nem o universo vieram a você para lhe dizer que eles o criaram. A mente, obcecada pela ideia de causalidade, inventa a criação e, então, deseja saber ‘quem é o criador?’ A própria mente é o criador. Mesmo isto não é totalmente verdadeiro, porque o criado e seu criador são um. A mente e o mundo não estão separados. Entenda que o que você pensa ser o mundo é sua própria mente.
Maharaj: A idéia de responsabilidade está em sua mente. Você pensa que deve haver algo ou alguém unicamente responsável por tudo que acontece. Há uma contradição entre um universo múltiplo e uma causa única. Ou um ou o outro deve ser falso. Ou ambos. Tal como eu o vejo, tudo é um devaneio. Não há nenhuma realidade nas ideias. O fato é que, sem você, nem o universo nem sua causa poderiam ter vindo a existir.
Participante: Não posso perceber se sou a criatura ou o criador do universo.
Maharaj: ‘Eu sou’ é um fato sempre presente, enquanto ‘Eu sou criado’ é uma ideia. Nem Deus nem o universo vieram a você para lhe dizer que eles o criaram. A mente, obcecada pela ideia de causalidade, inventa a criação e, então, deseja saber ‘quem é o criador?’ A própria mente é o criador. Mesmo isto não é totalmente verdadeiro, porque o criado e seu criador são um. A mente e o mundo não estão separados. Entenda que o que você pensa ser o mundo é sua própria mente.
Participante: Existe um mundo além, ou fora da mente?
Maharaj: Todo o espaço e todo o tempo estão na mente. Onde você localizaria um mundo além da mente? Existem muitos níveis de mente e cada um projeta sua própria versão, mesmo assim todos estão na mente e são criados por ela.
Participante: Qual é sua atitude quanto ao pecado? Como você vê o pecador, alguém que rompe a lei interna ou externa?
Você quer que ele mude ou apenas se compadece dele? Ou você lhe é indiferente por causa de seus pecados?
Maharaj: Não conheço nenhum pecado, nem pecador. Suas distinções e avaliações não me limitam. Todos se comportam segundo sua natureza. Não se pode evitar, nem se lamentar por isto.
Participante: Outros sofrem.
Maharaj: A vida vive da vida. Na natureza o processo é compulsório; na sociedade, deveria ser voluntário. Não pode haver nenhuma vida sem sacrifício. O pecador nega-se ao sacrifício e atrai a morte. Isto é como é, e não há razão para condenação ou piedade.
Participante: Seguramente você sente ao menos compaixão quando vê um homem mergulhado no pecado.
Maharaj: Sim, sinto que sou esse homem e seus pecados são meus pecados.
Participante: Certo, e depois?
Maharaj: Por tornar-me um com ele, ele se torna um comigo. Não é um processo consciente, ocorre inteiramente por si mesmo. Nenhum de nós pode evitá-lo. O que necessita mudar deverá mudar de qualquer modo; basta conhecer-se tal como se é, aqui e agora. A investigação intensa e metódica, dentro da própria mente, é a Ioga.
Participante: O que acontece com as cadeias do destino forjadas pelo pecado?
Maharaj: Quando a ignorância, a mãe do pecado, é dissolvida, o destino, a compulsão para pecar novamente, cessa.
Participante: Há retribuições a fazer.
Maharaj: Quando a ignorância chega ao fim, tudo acaba. As coisas são vistas tais como elas são, e são boas.(...)
Participante: Disseram-me que o homem que nada quer para si mesmo é todo-poderoso. O universo inteiro está à sua disposição.
Maharaj: Se você assim acredita, aja de acordo com isto. Abandone todo desejo pessoal e use o poder assim resgatado para mudar o mundo!
Participante: Todos os Budas e Rishis não foram bem sucedidos em salvar o mundo.
Maharaj: O mundo não se rende à mudança. Por sua própria natureza, é doloroso e transitório. Veja-o como ele é, e se despoje de todo o desejo e de todo o medo. Quando o mundo não o aprisiona ou o vincula mais, ele converte-se numa morada de alegria e beleza. Você pode ser feliz no mundo apenas quando é livre dele.
Participante: O que é certo e o que é errado?
Maharaj: Geralmente, o que causa sofrimento é errado, e o que o elimina é certo. O corpo e a mente são limitados e, portanto, vulneráveis; eles necessitam de proteção, o que dá lugar ao medo. Enquanto você se identificar
com eles, estará condenado a sofrer; compreenda sua independência e fique feliz. Eu lhe digo, este é o segredo da felicidade. Acreditar que você depende de coisas e pessoas para ser feliz se deve à ignorância de sua verdadeira natureza; saber que você não necessita de nada para ser feliz, exceto o
autoconhecimento, é sabedoria.
Participante: O que vem primeiro, o ser ou o desejo?
Maharaj: Quando o ser surge na consciência, surgem também na mente as ideias do que você é junto com as ideias do que deveria ser. Isto causa o desejo e a ação, e o processo de transformar-se começa. O vir a ser não tem, aparentemente, nenhum início e nenhum fim, porque recomeça a cada momento. Com a cessação da imaginação e do desejo, o vir a ser cessa e o ser isto ou aquilo se funde no puro ser, o qual não é descritível e apenas pode ser experienciado.
O mundo lhe parece tão esmagadoramente real porque você pensa nele o tempo todo; deixe de pensar nele, e ele se dissolverá numa névoa sutil. Você não precisa esquecer; quando o desejo e o medo terminam, o cativeiro também termina. O que cria o cativeiro é o envolvimento emocional, o padrão estabelecido de gostos e desgostos, o que denominamos caráter e temperamento.
Participante: Sem desejo e medo, que motivo há para a ação?
Maharaj: Nenhum, a menos que considere motivo suficiente o amor à vida, à retidão e à beleza. Não tenha medo da liberdade do desejo e do medo. Ela permite que você viva uma vida tão diferente de tudo o que você conhece, tão muito mais intensa e interessante, que, verdadeiramente, por perder tudo você ganha tudo."
Maharaj: Todo o espaço e todo o tempo estão na mente. Onde você localizaria um mundo além da mente? Existem muitos níveis de mente e cada um projeta sua própria versão, mesmo assim todos estão na mente e são criados por ela.
Participante: Qual é sua atitude quanto ao pecado? Como você vê o pecador, alguém que rompe a lei interna ou externa?
Você quer que ele mude ou apenas se compadece dele? Ou você lhe é indiferente por causa de seus pecados?
Maharaj: Não conheço nenhum pecado, nem pecador. Suas distinções e avaliações não me limitam. Todos se comportam segundo sua natureza. Não se pode evitar, nem se lamentar por isto.
Participante: Outros sofrem.
Maharaj: A vida vive da vida. Na natureza o processo é compulsório; na sociedade, deveria ser voluntário. Não pode haver nenhuma vida sem sacrifício. O pecador nega-se ao sacrifício e atrai a morte. Isto é como é, e não há razão para condenação ou piedade.
Participante: Seguramente você sente ao menos compaixão quando vê um homem mergulhado no pecado.
Maharaj: Sim, sinto que sou esse homem e seus pecados são meus pecados.
Participante: Certo, e depois?
Maharaj: Por tornar-me um com ele, ele se torna um comigo. Não é um processo consciente, ocorre inteiramente por si mesmo. Nenhum de nós pode evitá-lo. O que necessita mudar deverá mudar de qualquer modo; basta conhecer-se tal como se é, aqui e agora. A investigação intensa e metódica, dentro da própria mente, é a Ioga.
Participante: O que acontece com as cadeias do destino forjadas pelo pecado?
Maharaj: Quando a ignorância, a mãe do pecado, é dissolvida, o destino, a compulsão para pecar novamente, cessa.
Participante: Há retribuições a fazer.
Maharaj: Quando a ignorância chega ao fim, tudo acaba. As coisas são vistas tais como elas são, e são boas.(...)
Participante: Disseram-me que o homem que nada quer para si mesmo é todo-poderoso. O universo inteiro está à sua disposição.
Maharaj: Se você assim acredita, aja de acordo com isto. Abandone todo desejo pessoal e use o poder assim resgatado para mudar o mundo!
Participante: Todos os Budas e Rishis não foram bem sucedidos em salvar o mundo.
Maharaj: O mundo não se rende à mudança. Por sua própria natureza, é doloroso e transitório. Veja-o como ele é, e se despoje de todo o desejo e de todo o medo. Quando o mundo não o aprisiona ou o vincula mais, ele converte-se numa morada de alegria e beleza. Você pode ser feliz no mundo apenas quando é livre dele.
Participante: O que é certo e o que é errado?
Maharaj: Geralmente, o que causa sofrimento é errado, e o que o elimina é certo. O corpo e a mente são limitados e, portanto, vulneráveis; eles necessitam de proteção, o que dá lugar ao medo. Enquanto você se identificar
com eles, estará condenado a sofrer; compreenda sua independência e fique feliz. Eu lhe digo, este é o segredo da felicidade. Acreditar que você depende de coisas e pessoas para ser feliz se deve à ignorância de sua verdadeira natureza; saber que você não necessita de nada para ser feliz, exceto o
autoconhecimento, é sabedoria.
Participante: O que vem primeiro, o ser ou o desejo?
Maharaj: Quando o ser surge na consciência, surgem também na mente as ideias do que você é junto com as ideias do que deveria ser. Isto causa o desejo e a ação, e o processo de transformar-se começa. O vir a ser não tem, aparentemente, nenhum início e nenhum fim, porque recomeça a cada momento. Com a cessação da imaginação e do desejo, o vir a ser cessa e o ser isto ou aquilo se funde no puro ser, o qual não é descritível e apenas pode ser experienciado.
O mundo lhe parece tão esmagadoramente real porque você pensa nele o tempo todo; deixe de pensar nele, e ele se dissolverá numa névoa sutil. Você não precisa esquecer; quando o desejo e o medo terminam, o cativeiro também termina. O que cria o cativeiro é o envolvimento emocional, o padrão estabelecido de gostos e desgostos, o que denominamos caráter e temperamento.
Participante: Sem desejo e medo, que motivo há para a ação?
Maharaj: Nenhum, a menos que considere motivo suficiente o amor à vida, à retidão e à beleza. Não tenha medo da liberdade do desejo e do medo. Ela permite que você viva uma vida tão diferente de tudo o que você conhece, tão muito mais intensa e interessante, que, verdadeiramente, por perder tudo você ganha tudo."
Nisargadatta Maharaj em Eu Sou Aquilo
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