Descobrir-se...



Muitas e muitas vezes a vida se derrama a nossa frente, em cenas tão inebriantes que perdemos o fôlego e dissipamos, como que para sempre, todos os medos.

Não imaginamos nesses momentos que o que se apresenta fora não é algo extraordinário, é simplesmente o Ser, nossa essência verdadeira, que quando não o aprisionamos, nem o limitamos, nem o encobrimos com a tagarelice da mente, ele vem e coloca a carinha para fora e diz: "Olha como a vida pode ser realmente bela, simples, e como é bom se deixar levar pelo momento presente, pela realidade. Vida é dança, é música, dancemos com ela. O Cosmos é nosso lar, desfrutemos !"

Temos velhos e enferrujados hábitos de fantasiar demais as coisas, de colocar obstáculos onde nunca existiram, de expor feridas que já estavam cicatrizadas, e o que realmente fazemos é dificultar aquele frescor da alma, que acontece naturalmente, sempre que essas paredes não estão ali.

Aprendemos desde pequenos que sofrer é bonito, que se sentir mal traz recompensas, e que ser alegre por nada não dá muito Ibope.. Essa é a educação pessimista que recebemos e que muitas vezes sem noção, passamos igualzinho para nossos filhos, que já recebem assim o pacote pronto de como ir criando dor e sofrimento para suas vidas, tendo já prontinho o roteiro e as doses diárias, mas só se esquecem de ensinar as consequências desse lamento todo e aonde isso pode levar.

Se olharmos rapidamente a nossa volta, veremos num só lance como tantas pessoas que nos cercam reclamam da vida, reclamam do vizinho, do cachorro, do patrão, de qualquer coisa. Vivem em um mundo "mágico" das reclamações! E nem se dão conta de que tudo que acontece são lições para que ela cresça, para que ela se torne mais e mais consciente, que faça as escolhas necessárias, feche os ciclos que já venceram o prazo de validade, ou abra novas frentes que tragam brisa fresca as suas almas e seus pulmões.

Viver em um mar de lamentações só faz criar mais e mais problemas, uma coisa atrai a outra. Melhor seria olhar cada pedacinho das nossas vidas com uma lente de aumento, assim investigando cada parte que precisa ser iluminada, polida, outra ser costurada, outra ser arejada, outra ser descartada...

Temos, bem verdade, é preguiça de fazer essa investigação toda, assim de forma cuidadosa, não com a intenção de dizer o que é "certo ou errado", "bom ou mau", mas com a intenção de assumir verdadeiramente que algumas coisas já não estão mais vibrando, outras estão meio assim embaçadas e que outras precisam de uma boa lanternagem.
Preferimos ir deixando as coisas se acumularem, e que outros façam o serviço - serviço que é nosso-,só nosso, porque afinal é a nossa vida, ué!

Aí caímos nesse lamento sem fim. Queixosos chegamos e queixosos saímos. Deixamos um rastro de queixas que chega a impregnar o ar, deixando o ambiente pesado e feio. Ali nem flores desabrocham, quanto mais nossa essência verdadeira consegue por a carinha para fora. Ela fica é lá dentro mesmo, escondidinha esperando por dias melhores!

Daí eu pergunto: Porque complicamos tanto nossas vidas? Porque colocamos tanto peso em coisas sem peso nenhum? Já que tudo acaba em simples lembranças mesmo, já viram isso?
Quando paramos para refletir quem nós éramos há vinte anos atrás, o que vem? Memórias.
Quando lembramos do sonho que tivemos na noite passada, é a mesma coisa, memórias.

Não seria tão mais fácil e prático construirmos nossas vidas baseadas na realidade, na simplicidade e naquilo que é diante de nós? Lidarmos com os fatos de maneira direta, sem rodeios mentais, sem complicações nem projeções sem fim?

Quando deixamos de brigar com a realidade, metade dos problemas já se foram, e a outra metade se vai quando agradecemos pelo que acontece com o coração aberto, tendo a confiança plena de que nada, absolutamente nada existe para nos derrubar, nem destruir, mas que a vida é nossa casa, e que cada instante chega até cada um de nós repleto de ensinamentos e descobertas que apontam na mesma direção, a direção da nossa essência verdadeira, nosso Ser, de onde todas as respostas naturalmente acontecem e onde somos verdadeiramente nós mesmos, sem nenhum disfarce.

Justamente por isso, simples assim, é que sem saber, carregamos a felicidade dentro de nós a vida toda, e ficamos perdidos procurando por ela fora, nos labirintos da mente, nas memórias cinematográficas do nosso filme particular e nunca encontramos nada além de ilusões...e frustrações. Basta uma simples mudança de olhar e num segundo descobrimos que tudo aquilo que sempre procuramos, nossa essência verdadeira, estava o tempo todo aqui...e agora!
Existiria outro lugar onde ela poderia estar? O Ser não conhece medo, nem queixas, nem reclamações. Só conhece a Felicidade, Amor, Alegria e Paz...por isso: Descubra-se!
Amor
Lilian

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