Consciência, observação e mente - J.Krishnamurti


J.Krishnamurti: "Certamente, a consciência de ser humilde não é ser humilde efetivamente. Você quer saber que chegou a esse ponto, e isso indica que está ouvindo para chegar a determinado estado, a um lugar em que nunca será perturbado, onde encontrará uma felicidade duradoura, um êxtase permanente, certo?
 Mas, não há chegada, há apenas o movimento da aprendizagem - essa é a beleza da vida. Se você chegou, não há mais nada. E você chegou, ou quer chegar, não apenas em sua profissão, mas em tudo o que faz. Por isso fica insatisfeito, frustrado e infeliz. Não há lugar de chegada, há apenas o movimento da aprendizagem, que só se torna doloroso quando existe acumulação.
Uma mente que escuta com completa atenção, nunca vai buscar um resultado, porque ela está constantemente se revelando - como um rio, está sempre em movimento.
Essa mente é totalmente inconsciente da sua própria atividade, no sentido de que não há a perpetuação de um self, de um "eu", no sentido que está em busca de um fim.

Consciência é o estado da mente em que ela observa algo sem qualquer condenação ou aceitação, meramente enxerga a coisa como ela é. Quando você deixa de olhar para um flor de um jeito botânico, você vê a totalidade da flor. No entanto, se sua mente está completamente tomada pelo conhecimento botânico do que é a flor, você não está olhando totalmente para ela. Embora possa ter conhecimento sobre a flor, se esse conhecimento tira toda a base, todo o campo da sua mente, então você não está olhando totalmente para a flor.

Observar um fato é estar consciente. Nessa consciência não há escolha, condenação, gosto ou aversão. Contudo, a maioria de nós é incapaz de fazer isso, porque tradicional e ocupacionalmente, não somos capazes de encarar o fato sem levar em conta nossos antecedentes. Temos de estar conscientes dos antecedentes. Temos de estar conscientes do nosso condicionamento, e esse condicionamento se mostra quando observamos um fato.
Quando estamos preocupados com a observação do fato e não com os antecedentes, estes são colocados de lado. Quando o principal interesse é apenas entender o fato, e quando vemos que os antecedentes nos impedem de fazê-lo, o interesse vital no fato apaga antecedentes."
J. Krishnamurti em O Livro da Vida.

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