Cenas da vida...



Pare um instante e perceba dentro de você aonde estão os "nós" que sempre teimam em aprisionar seu coração...

Olhe de frente aqueles assuntos, temas, pessoas, cenas, memórias, fases da vida, acontecimentos que volta e meia teimam em aparecer na sua mente, e no mesmo instante trazem um sentimento de tristeza, medo, mágoa, ressentimento, raiva, dor, angústia, saudade, prisão, vontade de gritar, de chorar, de ficar quieto e que no fundo nos deixam impotentes e feridos...

Olhe sem medo para eles...você já conhece o caminho, você já conhece os sentimentos que vem, não são novos...pelo contrário são antigos, já caminham com você por longos anos...

Veja como cada um deles te mostra inúmeros aprendizados...veja como em cada um deles a sua atitude, ou não-atitude foi determinante para o aprisionamento na sua mente...

Olhe os fatos como se você estivesse olhando um filme, os atores, as cenas, os cenários, mesmo que os sentimentos venham, deixe-os vir, não julgue nenhum de bom ou ruim, apenas observe os sentimentos, emoções...reviva as cenas dolorosas na posição do espectador do filme...

Agora vasculhe dentro de si o valor que a sua mente atribuiu a cada momento desse. Observe calmamente os adjetivos que sua mente teima em colocar colado a cada um desses momentos....
Perceba-se colocando adjetivos às cenas...
Agora retire as cenas, fique apenas com os adjetivos que você colocou...
Enumere esses adjetivos, sejam quais forem, traga todos à mente, faça uma lista deles...não importa de são positivos, negativos, neutros...faça uma lista de todos eles....

Pois bem, aí está o peso de seus momentos dolorosos...
Nesses adjetivos que sua mente colocou em cada um deles. Quanto mais adjetivos, valores, classificações, mais pesados eles tendem a aparecer para você...

Se eu digo: Uma rosa é perfumada e linda! Ela me trás alegria!
Que peso isso tem? Pouco não é. Traz leveza, tranquilidade.
Mas se eu digo: Ele me fez muito mal, me magoou, me feriu, acabou comigo, não suporto ele...
Que peso isso tem? Muito né? Perceba o grau de negatividade que coloquei encima "dele"!

Vejam como os adjetivos são apenas adjetivos, nada mais, são pensamentos...só isso...
O fato seja da "rosa", seja "dele" são apenas fatos...não tem peso em si...nenhum peso...são apenas cenas...eventos que acontecem...só isso...
Quando conseguimos desvincular os adjetivos que nós damos à realidade que se apresenta, damos um grande passo em direção à não fixação, isto é, estamos desvinculando o que acontece, a cena, o simples evento, do nosso ínfimo julgamento, dos nossos adjetivos mentais...

Isso torna a percepção da realidade possível, e mais clara. Num instante podemos ver o que acontece aos outros, a nós mesmos, de uma perspectiva não misturada, de uma perspectiva do observador...criamos uma distância entre o que acontece e nossa consciência perceptiva...
Essa distância é o início da meditação...ela pode e deve ser ampliada a todas as dimensões da nossa vida...O não envolvimento trás leveza e liberdade...
E do contrário que muitos pensam, que se agirmos assim ficamos "frios e indiferentes" em relação à vida, à realidade, na verdade o que acontece é que ficamos soltos, ficamos abertos, e assim tudo que acontece a nós, a nossa volta, e mesmo o que aconteceu a nós no passado, pode ser incorporado enquanto aprendizado puro e simples, nas inúmeras cenas desse maravilhoso filme cósmico que se chama Vida...
Reflitam sobre isso...e pratiquem...
Amor
Lilian

Comentários

  1. Oi Lilian,

    Muito legal mesmo esse texto, a algum tempo já tenho percebido a insistencia dos mestres em nos falar sobre o observador e tenho me aprofundado em estudar os textos, eu tive uma experiência ontem que me deixou sem palavras, mais ou menos 1:30 da tarde tive dor de cabeça, como tinha muitas coisas pra fazer tomei um pouco de dipirona e logo passou, so que no inicio da noite voltou a dor de cabeça com um pouco de azia, so que não queria tomar remedio de novo, como a dor estava aumentando resolvi me colocar como observadora do meu corpo e minha mente, me concentrando no chacra cardiaco, que é onde eu sinto mais o que observa, o ser, e por incrivel que pareça sentia que minha dor, estava no corpo, mais parei de sentir a dor por alguns momentos, minutos, é como se eu tivesse esse controle so que não conseguia ficar por muito tempo no controle, parecia algo que pode ser treinado para funcionar, mais descobri a força que tive naquele momento, me concentrava sempre no ser, perfeito, intocavel, e sentia um certo contentamento sutil, foi uma experiencia muito
    especial, pois, senti o poder da divindade em mim, e a luz foi é tão clara, tão brilhante, que não tem como ver.
    Me lembrei do texto de Satyaprem , Amante de tudo que acontece, tem muito a ver, ele fala, você não é o corpo, você não é a mente.
    Paz e Luz

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  2. Legal Sissi, é isso mesmo...tomar a posição do observador na verdade é a "perda" do controle ilusório da mente sobre o que quer que seja...é um deixar acontecer, seja lá o que for..
    Aceitar a realidade não requer esforço, com isso, o que acontece é um relaxamento no Ser, na consciência, e o corpo só ganha com isso também..
    Obrigada por compartilhar! Bjoss

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